Uma das reflexões mais urgentes e
necessárias em temerosos tempos de crise e de desmontes é a reflexão sobre o
que é necessário para fazer ciência no Brasil. Uma das respostas que temos
encontrado, é “formação em humanidades”. O nosso laboratório propõe atividades
e deslocamentos de atividades comuns, para entender melhor o sentido de
práticas e experiências ligadas ao desenvolvimento, ao patrimônio, ao consumo,
à conservação ambiental e sobretudo à criação de uma consciência profundamente
cidadã em todos os momentos, especialmente no momento-chave de articular a
realidade com o pensamento, ou seja, no momento de fazer ciência.
Nesse espírito, proclamamos que não
somos indiferentes aos descartes, experiência comum na nossa vida atravessada
pela tecnologia. Jogamos “coisas” fora e elas se transformam em “lixo”, segundo
o senso comum. Mas não é bem assim. A experiência é mais ampla e bem mais séria
que isso. Não podemos ser indiferentes à parte do mundo que descartamos. Não
podemos ser indiferentes ao vidro descartado. Nesse sentido, as práticas
inteligentes nos interessam.
Recebemos no seio do Laboratório de
Humanidades (LabuH) o Arquiteto Carlos Cardinal, nome conhecido entre nós por realizar
um importante trabalho de retrabalhar vidro descartado trazendo-o de volta ao
circuito produtivo, na forma de objetos muito próximos da arte. Assim,
promovemos uma roda de conversa com nosso Convidado, envolvendo Professores e estudantes
de mestrado e doutorado do programa em Desenvolvimento Local – UCDB. No
encontro foram discutidas questões como o descarte correto e o reaproveitamento
do vidro.
Além das questões que tangenciam os
problemas da sustentabilidade, o Arquiteto Carlos Cardinal narrou a história e
as suas experiências com a casa do vidro, na transformação do vidro descartado em
objetos de decoração ou utilitários. Essa transformação é um passo fundamental
para gerar sensibilidade no grande público para as reflexões sobre
sustentabilidade, uma vez que o vidro, rejeitado e dispersado no ambiente, é
extremamente danoso, perigoso para animais humanos e não humanos. E não existem
muitas iniciativas como essa, em toda a região Centro-Oeste, o que torna o
nosso encontro, mais do que um encontro romântico com um visionário, uma
reunião (auto)crítica para ressaltar uma questão de grande urgência.
A casa do vidro, localizada em
Bonito-MS, vem ganhando destaque como um dos principais pontos de turismo
ecológico do Brasil, realizando bem essa função de conscientização, através da
beleza e da reutilização. Cerca de 80% do vidro recolhido em Bonito é
recuperado na casa do vidro, se tornando um exemplo de logística reversa. Os
produtos da casa do vidro podem ser adquiridos por meio da página no facebook
ou no próprio local.
Quem visita a casa do vidro é muito
bem recebido, além de poder escolher entre peças de bom gosto, ganha uma aula
de meio ambiente e sustentabilidade. Assim é o LabuH e os seus parceiros.
Cutucamos profundamente as consciências, através de iniciativas simples,
alegres e inocentes.
Lorene A. Tiburtino Silva
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