domingo, 17 de dezembro de 2017

A Casa de Vidro, o LabuH e a "formação em humanidades"

Uma das reflexões mais urgentes e necessárias em temerosos tempos de crise e de desmontes é a reflexão sobre o que é necessário para fazer ciência no Brasil. Uma das respostas que temos encontrado, é “formação em humanidades”. O nosso laboratório propõe atividades e deslocamentos de atividades comuns, para entender melhor o sentido de práticas e experiências ligadas ao desenvolvimento, ao patrimônio, ao consumo, à conservação ambiental e sobretudo à criação de uma consciência profundamente cidadã em todos os momentos, especialmente no momento-chave de articular a realidade com o pensamento, ou seja, no momento de fazer ciência.

Nesse espírito, proclamamos que não somos indiferentes aos descartes, experiência comum na nossa vida atravessada pela tecnologia. Jogamos “coisas” fora e elas se transformam em “lixo”, segundo o senso comum. Mas não é bem assim. A experiência é mais ampla e bem mais séria que isso. Não podemos ser indiferentes à parte do mundo que descartamos. Não podemos ser indiferentes ao vidro descartado. Nesse sentido, as práticas inteligentes nos interessam.

Recebemos no seio do Laboratório de Humanidades (LabuH) o Arquiteto Carlos Cardinal, nome conhecido entre nós por realizar um importante trabalho de retrabalhar vidro descartado trazendo-o de volta ao circuito produtivo, na forma de objetos muito próximos da arte. Assim, promovemos uma roda de conversa com nosso Convidado, envolvendo Professores e estudantes de mestrado e doutorado do programa em Desenvolvimento Local – UCDB. No encontro foram discutidas questões como o descarte correto e o reaproveitamento do vidro.

Além das questões que tangenciam os problemas da sustentabilidade, o Arquiteto Carlos Cardinal narrou a história e as suas experiências com a casa do vidro, na transformação do vidro descartado em objetos de decoração ou utilitários. Essa transformação é um passo fundamental para gerar sensibilidade no grande público para as reflexões sobre sustentabilidade, uma vez que o vidro, rejeitado e dispersado no ambiente, é extremamente danoso, perigoso para animais humanos e não humanos. E não existem muitas iniciativas como essa, em toda a região Centro-Oeste, o que torna o nosso encontro, mais do que um encontro romântico com um visionário, uma reunião (auto)crítica para ressaltar uma questão de grande urgência.

A casa do vidro, localizada em Bonito-MS, vem ganhando destaque como um dos principais pontos de turismo ecológico do Brasil, realizando bem essa função de conscientização, através da beleza e da reutilização. Cerca de 80% do vidro recolhido em Bonito é recuperado na casa do vidro, se tornando um exemplo de logística reversa. Os produtos da casa do vidro podem ser adquiridos por meio da página no facebook ou no próprio local.

Quem visita a casa do vidro é muito bem recebido, além de poder escolher entre peças de bom gosto, ganha uma aula de meio ambiente e sustentabilidade. Assim é o LabuH e os seus parceiros. Cutucamos profundamente as consciências, através de iniciativas simples, alegres e inocentes.



Lorene A. Tiburtino Silva










Nenhum comentário:

Postar um comentário